Confira a noite de premiação do 15º Festival Taguatinga de Cinema

por Pâmela Paiva, em 29/08/2020

Grandes emoções, filmes plurais, diálogos emergentes, aplausos, comemorações, projeções e reconhecimento de corpos e narrativas periféricas invisibilizadas, enalteceram os festejos da noite de premiação desta 15ª edição do Festival Taguatinga de Cinema, marcada pela inovação de se construir e realizar uma programação inteiramente online para nosso público.Os 10 filmes selecionados receberão troféu do artista plástico de Taguatinga, Omar Franco, mais gratificação em dinheiro. 

Conduzida pela nossa anfitriã, Marina Mara, a sessão solene da edição 2020 reluziu e reverenciou todos e todas que acompanharam do aconchego de casa, embora todo este momento desafiador de pandemia que estamos vivendo. Os avaliadores técnicos, composto pelos cineastas Renata Diniz, Marília Nogueira e Tadeu de Brito, responsáveis pela indicação de três dos nove filmes contemplados, exaltam e agradecem a fartura de vozes dos filmes.

Foram inscritos 601 filmes curtas-metragens no Festival, gravados em todas as regiões e cantos do país. O Júri Oficial do Festival destaca a qualidade de produções da região Nordeste, especialmente do estado da Bahia, em que a cidade de Cachoeira desponta potente produção audiovisual, através do curso de cinema da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.

São seis filmes diretamente da Bahia, isso, somado aos nove curtas dirigidos por mulheres, e também mais nove filmes com temática LGBTQI+. No que concerne às linguagens, a seleção final contou com 12 documentários, oito ficções e três experimentais.

 JÚRI

O Júri Oficial “parabeniza todos os curtas-metragens escolhidos que juntos formam uma seleção potente em diálogo com o festival em sua história periférica, com corpos dissonantes e traz para tela narrativas de diferentes lugares do país”. Anunciamos os nove premiados de nossa sessão solene, os curtas-metragens da Mostra Competitiva Trindade, Em Reforma, Perifericu e Colapsar. Menções honrosas aos filmes Tudo que é apertado rasga e Minha história é outra, e os vencedores da Mostra Seleção Popular, O afeto e a rua, Lipe: vida em movimento e 72 dias com Pedro.

 FILMES PREMIADOS MOSTRA COMPETITIVA

De Minas Gerais, o documentário, Trindade, dirigido por Rodrigo Meireles, afirma a vida de uma mulher preta, e as marcas da própria história, uma síncope profunda, antropológica e política da formação de nosso país. “A personagem que dá nome ao filme nos conta por entre o cotidiano de atividades caseiras e pontos para caboclos e orixás cantados, da própria força, de dores e da própria poesia de dentro da simplicidade poética do curta, que faz um convite a toda sociedade”, aponta o Júri Oficial.
Em Reforma, ficção do Rio Grande do Norte, dirigida pela Diana Coelho, com tamanha habilidade na construção de uma narrativa clássica, “por meio de uma protagonista complexa que nega o retrato de mulheres pretas e periféricas em um lugar de sofrimento e solidão e ousa concretizar na tela outro lugar, onde há espaço para felicidade, realização pessoal, afeto e cumplicidade”, ressalta o Júri. Através da reforma da própria casa, nos mostra a contínua e necessária construção de si no trabalho, nos laços afetivos e no papel de mãe.
O atributo alt desta imagem está vazio. O nome do arquivo é filme-Perifericu.jpgPerifericu, ficção de São Paulo, com direção coletiva, mas coesa e que ecoa vozes de diferentes sujeitos já tão marginalizados e silenciados cotidianamente. Por abordar temas urgentes com “potência e frescor, pela aposta em permanecer na chave do afeto, recusando o lugar da violência como principal caminho possível para construção de narrativas sobre juventude periférica e pela crítica social potente trabalhada nos detalhes do dia-a-dia dos personagens”, enfatizam os jurados.  

JÚRI POPULAR MOSTRA COMPETITIVA

Com 85% dos votos na sessão o curta experimental de Alagos, Colapsar, dirigido pela Renata Baracho, traz às tela a vontade de colapsar a norma e problematizar os corpos invisíveis.

 MENÇÕES HONROSAS

O Júri Oficial e o Festival salientam a qualidade dos curtas recebidos e por isso decidiram prestar uma homenagem a outros dois filmes e realizadores da Mostra Competitiva desta edição. São eles:

O documentário da Bahia, Tudo que é apertado rasga, com direção de Fábio Rodrigues Filho, que segundo o Júri Oficial “pelo belo encontro entre pesquisa de acervo, narrativa e montagem expõe discursos que se repetem, lugares que persistem, além da luta pela visibilidade de atores e atrizes negras e a subjetificação dos personagens”. As histórias, repetidas por grandes ícones, mulheres negras como Zezé Motta, Ruth de Souza e Grande Otelo escancaram uma realidade racista na história do audiovisual brasileiro.
Minha história é outra, documentário do Rio de Janeiro, dirigido pela Mariana Campos, por trazer às telas a realidade de jovens lésbicas, pretas e periféricas numa narrativa em que o amor é resistência e possível entre mulheres. “Vivências reais construídas com poesia no limiar do documentário e a ficção, numa narrativa onde vínculos de afeto perpassam conflitos de aceitação e solidão, além de trazer à tona questões raciais dentro das relações”, segundo o Júri.

MOSTRA SELEÇÃO POPULAR

Alocada dentro do site, a Mostra Seleção Popular reúne mais de 400 filmes que contam a história de 15 edições do Festival. Por meio de votação o público escolheu outros três nomes para serem premiados e ovacionados na noite. Para que você ainda tenha tempo para assistir, a mostra seguirá disponível por mais 30 dias em nossa plataforma! 

O documentário, do Rio Grande do Sul, O Afeto e a Rua, dirigido por Thiago Koche, o filme retrata uma realidade de exclusão, fome, frio e preconceito, ao retratar a relação de amor e carinho entre pessoas em situação de rua e seus cães.
O segundo mais votado foi o outro documentário, dirigido pela Camila Martis, Lipe: vida em movimento, na qual revela a vida do Felipe, menino que nasceu com uma malformação congênita da coluna vertebral, o que o levou a comprometimentos motores e fisiológicos da cintura para baixo.
E o terceiro colocado pelos votos populares, foi à ficção 72 dias com Pedro, dirigida pela Victoria Edwiges, onde Eduarda é uma adolescente que sonha em seguir a carreira de dançarina mas, abalada com a morte da mãe, se junta ao irmão para entender como os laços familiares podem se conectar com o amor e a dança.

Premiados

Mostra Competitiva

– Júri Oficial

Trindade | Direção: Rodrigo Meireles |  Minas Gerais

Em Reforma | Direção: Diana Coelho | Rio Grande do Norte

Perifericu | Direção: Nay Mendl, Rosa Caldeira, Stheffany Fernanda e Vita Pereira |  São Paulo 

– Júri Popular

Colapsar | Direção: Renata Baracho | Alagoas

 Menção Honrosa

Tudo que é apertado rasga, Bahia |Direção: Fabio Rodrigues Filho

Minha história é outra, Rio de Janeiro | Direção: Mariana Campos

Mostra Seleção Popular

 O afeto e a rua, com 1066 curtidas | Direção: Thiago Koche | Rio Grande do Sul 

Lipe: a vida em movimento, com 730 curtidas. | Direção: Camila Martins | Distrito Federal

72 dias com Pedro, com 720 votos, | Direção: Victoria Edwiges | Goiás

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