“Quem passou primeiro foi São benedito” é um curta documental que retrata a história de Maria Luiza, coureira e mãe de santo através da trajetória sobre seus laços religiosos no tambor de crioula e no tambor de mina. Com 78 anos, quase todos dedicados à encantaria e a Punga, Dona Maria tece narrativas sobre suas experiências religiosas que se alargam em toda a sua história de vida, perpassam seus movimentos cotidianos, produz afetos e é um constante retorno à sua ancestralidade e trajetória familiar.
A importância de suas obrigações religiosas junto a São Benedito e os encantados, os significados que envolvem o seu trabalho junto a essas manifestações vão de encontro aos percursos e composições de sua vida, sendo assim inseparável de toda a sua história e do seu caminho percorrido desde os primeiros passos.
A biografia contida em suas falas e corporalidades revela também sua relação com a comunidade onde reside, no bairro do Anjo da Guarda que é uma área de grande concentração de migrantes oriundos da Baixada Maranhense, região considerada como um grande “Quilombo Urbano”, local de resistência e disseminação das manifestações afro-maranhenses.
As narrativas de Maria Luiza vão de encontro ao entrelaçamento existente entre o tambor de crioula e o tambor de mina, a estreita relação possível entre cultura e religião afro-brasileira no Maranhão e como essas trocas se perpetuam em múltiplas formas, narrativas e histórias representando assim, a diversidade da herança cultural negra no Estado, sua fluidez e circulação entre lugares e pessoas, cruzamentos que revelam a complexidade e riqueza destas relações.