TARAPE TV | A estreia e o encontro com o sonho

A artista multimídia Marina Mara subiu ao palco do Teatro da Praça vestida à La Casa de Papel para a noite de abertura do Festival Taguatinga de Cinema 2018. Mascarada e de macacão vermelho, ela poetizou, cantou e dançou exibindo no rosto o insolente bigode de Salvador Dalí.

Por ser a cara do FestTaguá, Marina carrega, com a força de sua arte e figurino, o nosso espírito transgressor, ritualizando-o muitas vezes de forma catártica, principalmente agora,  com o avanço do conservadorismo e de todos os abomináveis ismos do preconceito.  

Naquela noite de 22 de agosto de 2018, Marina performava não apenas para o público presente ao teatro, mas para internautas de todo o Brasil.  Câmeras acompanhavam seus movimentos, sua fala poética, seus gritos de garra, transmitindo-os ao vivo para os quatro cantos  do país.

Estava no ar a  TARAPE TV, captando, entre tantos momentos de delírio criativo, as vozes potentes do público fazendo coro a Marina: “Lula Livre! Marielle Presente!”.

William Alves, diretor do festival, conta que ali, naqueles instantes mágicos, um sonho se realizava. Vinte anos depois de haver tornado realidade o Festival Taguatinga de Cinema, na raça e na coragem, William, por assim dizer, paria mais um filho, fruto do desejo de ter um espaço permanente para falar de cinema, na perspectiva dos realizadores e realizadoras independentes afinados com os ideais de emancipação social.

O projeto, que ainda está na incubadora, como diz William, teve uma estreia de gigante: os quatro dias de programação do festival foram transmitidos ao vivo, na sua totalidade. Cerca de 8 horas diárias de transmissão em tempo real. Duas dezenas de profissionais, sob a direção do realizador Farid Abdelnour, desdobraram-se para, além disso, gravar e levar ao ar dois programas de entrevista, o Luvas de Película e o Diga Aí.

Juntando paixões

“Nos sets de filmagem, tarape (TY-RAP em inglês) é um instrumento onipresente, tanto quanto a fita crepe, que serve para unir os fios elétricos, amarrar um cabo a outro. É um tipo de abraçadeira.” A explicação de William é para nos fazer entender o conceito que deu vida à sua web TV, melhor dizendo, o flash do qual se originou a web TV de todos nós.

É que no coração da TARAPE TV pulsa uma coletividade que trabalha por amor e com amor: diretores, produtores, entrevistadores, cameramen, editores de imagem, técnicos de som. Para a estreia em 2018, a equipe contou com a parceria essencial do Instituto Federal de Brasília (IFB – Recanto das Emas), que mobilizou 12 dos seus alunos de Audiovisual para atuarem como estagiários durante os dias de festival. Eles deram o maior gás.

“Foi muito massa! Eu aprendi naqueles dias coisas que só a experiência ensina. E ver a galera curtindo o resultado dos nossos esforços fez aumentar em mim a vontade de produzir outras tantas coisas”, disse Juliana Barbosa, aluna do IFB, que trabalhou como assistente de produção.

“Os alunos parceiros do IFB foram fundamentais para o sucesso do projeto. Este ano, queremos repetir a experiência porque ela foi muito enriquecedora para todos nós”, afirma William Alves.

Luva de Película

Naquela edição de estreia da TARAPE TV, Marina Mara subiu muitas vezes ao palco do Teatro da Praça, mas não apenas como Mestre de Cerimônias do festival. O palco foi o cenário escolhido para as entrevistas que ela fez com realizadoras e realizadores dos 24 filmes da Mostra Competitiva.

“Como poeta, comunicadora e ativista social, gravar as entrevistas para o Luva de Película foi um presente da vida, uma bênção. Trabalhar com a liberdade de falar o que eu penso e sinto é um privilégio, ainda mais quando o assunto é cinema”, vibra Marina.

William divide com ela a alegria pela estreia do programa, cujos episódios, dirigidos e editados por Farid Abdelnour, estão publicados em nosso canal no YouTube. “Ver o Luva de Película prontinho e no ar foi para mim o momento em que eu senti, com muita força e confiança, que sempre vale a pena apostar nos sonhos.” E para realizá-los, acrescenta William, “a dica é reunir pessoas que acreditem neles, juntá-las e envolvê-las com uma espécie de ‘tarape imaginário’ que funcione não como uma simples abraçadeira, mas como um grande abraço afetuoso, acolhedor e inclusivo”.

*Para assistir aos programas da TARAPE TV, acesse https://bit.ly/2ubj5F0 e inscreva-se no nosso canal.