#SomosTodosAndrade

O Festival Taguatinga de Cinema 2019 presta homenagem póstuma ao ator mais querido do público de cinema de Brasília. Em 50 anos de carreira, Andrade Júnior fez mais de 100 filmes. Entre os trabalhos mais recentes do ator, morto em 2019, aos 74 anos, está o longa-metragem A repartição do tempo, do diretor candango Santiago Dellape. Este ano, Andrade já tinha filmado o curta A Terra em que Pisar, de Faustón da Silva.

Autodidata, Argemiro Gomes de Andrade Junior, natural do Ceará, empenhou seu talento e dedicação na construção das artes cênicas de Brasília. Antes, suas mãos haviam ajudado a erguer a cidade, no mesmo ano de 1959, quando chegou aqui, com a idade de 14 anos. Aos 17, Andrade começou a fazer teatro, onde pavimentou seu caminho para as telas.

O cinema se tornou sua grande paixão. Ali, o ator encontrou um lugar de mestre, com presença constante em filmes brasilienses dirigidos por diretores do quilate de Vladimir Carvalho e André Luiz Oliveira. Andrade fez também A Terceira Margem do Rio, do cinema novista Nélson Pereira dos Santos. 

Em Brasília, foi cultuado sobretudo por cineastas estreantes, com os quais fez muitos filmes de curta-metragem. Um dia, a vida e a arte de Andrade viraram filme: o curta-metragem “A louca história de Andrade Junior” é um tributo ao ator, dirigido por Érico Cazarré.

Pela televisão, Andrade tinha pouco interesse. O ator dizia que as novelas tinham grande potencial artístico, mas eram feitas a partir de uma fórmula batida e sem graça. Ainda assim, ele fez participações em telefilmes, como Meio Expediente, dirigido por Santiago Dallape e produzido pela Globo Filmes. Em Meio Expediente, Andrade viveu um Papai Noel de shopping center.

Em 2019, cinco dias após sua morte, Andrade Júnior foi homenageado com a “Mostra Andrade Júnior – Um dia de homenagem ao mito do cinema”, realizada no Cine Brasília. Cinco anos antes, em 2014, o 3º Festival Curta Brasília fez tributo ao ator com a Mostra Onipresença: o cinema de Andrade Júnior. 

Mais do que reverenciar a vida e a profícua carreira de 50 anos de Andrade Júnior,  Brasília soube ser terra fértil e acolhedora para este homem de grande talento artístico e hábitos considerados excêntricos, amigo leal, com coração do tamanho do mundo. A ele, todo nosso amor e admiração.