Seres do futuro com mentes hiper criativas estão aos poucos povoando os espaços que o Festival Taguatinga de Cinema mantém no ambiente cibernético. São personagens da imaginação psicodélica do ilustrador Oberon Blenner, mais conhecido, dentro e fora do DF, como Oberas. Por meio de eventos sincrônicos, as figuras futuristas do artista ganharam nossos corações e já anunciam uma grande ocupação no Teatro da Praça, durante os quatro dias de FestTaguá, de 7 a 10 de agosto.
A arte de Oberas lança o Festival Taguatinga de Cinema num tempo, ainda por vir, em que os seres humanos terão aprendido a harmonizar tecnologias super avançadas com a valorização das culturas ancestrais, a preservação e o respeito à natureza. “Os cabos e conectores de rede não irão mais se sobrepor à magia dos cipós. Estarão em comunhão, iluminando a humanidade”, pressagia o artista.
O futurismo com toques determinantes de ancestralidade é o elemento mais potente dos desenhos de Oberas, todos eles construídos manualmente, a partir de um traço complexo, com nanquim ou caneta Bic, coloridos digitalmente.
Como artista negro da periferia, Oberas traça um futuro glorioso para os moradores das favelas a partir de uma estética afrofuturista, a mesma que gerou obras como o premiado filme Pantera Negra e que inspira artistas como Ellen Oléria e o rapper Edgar. “Nossa periferia estará conectada com as estrelas e as galáxias. Seremos capazes de nos transportar para outros planetas e viver como reis e rainhas, gozando da dignidade que nos pertence.”
Com apenas 25 anos de idade e formação (incompleta) em Filosofia, o artista radicado em Taguatinga entende que a função de sua arte é tornar o humano mais humano. Seus desenhos surgem de um livre fluxo de consciência, sem ideia pré-determinada, e são, pela riqueza de detalhes, um convite à contemplação minuciosa e à meditação.
Ligado à arte fantástica e aos traços surrealistas do artista plástico suíço Hans Rudolf Giger, e desenhando sob a influência de quadrinistas consagrados como Moebius, Philippe Druillet e Robert Crumb, Oberas associa-se ao xamã, figura mediadora entre o mundo material ilusório e os mundos espirituais, com a missão de despertar os apreciadores de suas ilustrações para a existência de outras dimensões do Universo, incentivando neles a busca de sentido e significado para as suas existências.
Como artista xamã, Oberas procura driblar o ego mantendo-se fiel às suas origens de garoto crescido na periferia da Cidade Ocidental, no entorno do Distrito Federal. Ao invés de transitar por galerias de arte, por exemplo, acha mais produtivo e coerente estar nas escolas, nos muros, em camisetas e capas de CDs de rap, rock psicodélico e afins. “Rechaço toda forma de elitismo cultural. Por isso mesmo, abandonei o ensino eurocêntrico de Filosofia e investi no autodidatismo artístico para construir janelas através das quais o público poderá conhecer minhas paisagens interiores”, explica Oberas.
A arte e a ética de Oberas estão em sintonia com os ideais do Festival Taguatinga de Cinema. Dialogam profundamente com os curtas-metragens presentes em nossa programação, tanto nas mostras competitivas quanto nas mostras paralelas. Estamos juntos e afinados, vibrando positivamente naquilo que Oberas chama de “fé na arte de narrar nossas esperanças”.
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