A cineasta carioca Julia Mariano atua como diretora, produtora e roteirista desde que voltou de Cuba, em 2005, ano em que concluiu a especialização em documentário na Escola de Cinema e Televisão de San Antonio de los Baños (EICTV). Seu cinema comprometido com temas políticos e sociais, como a luta pela terra e a Reforma Agrária, já esteve presente em duas mostras competitivas do Festival Taguatinga de Cinema. Em 2017, Julia trouxe ao festival o curta documental Do Corpo da Terra, que recebeu menção honrosa do júri. Em 2018, a cineasta participou da mostra competitiva com o curta-metragem Utopias. Os dois filmes participam da Mostra Convida 2020, disponível no site do festival até 28 de junho.
Do Corpo da Terra é um filme de 2017 sobre quatro mulheres do Coletivo de Saúde do MST que mudaram suas vidas na relação cotidiana com a terra e seus corpos a partir dos conhecimentos da medicina tradicional popular. Este foi o segundo curta-metragem que Julia realizou sobre assuntos relacionados à questão agrária. Em 2014, ela dirigiu o premiado Ameaçados, que foi prêmio do público no festival Curta Cinema (Rio de Janeiro, 2014) e no 25º Kinoforum (São Paulo, 2014) e ganhou Melhor Direção no Festival Guarnicê (Maranhão, 2016). Em 22 minutos, o filme escancara a impunidade e o absurdo que cercam as execuções de trabalhadores rurais no sul e no sudeste do Pará.
O cinema aproximou Julia do Movimento dos Sem Terra. Na década de 1990, um filme sensibilizou-a para a luta pela terra e pela Reforma Agrária: ‘O sonho de Rose – 10 Anos Depois’, da diretora Tetê Moraes, documentário que retrata a vida da família de Rose, agricultora morta durante uma passeata do MST. Mas Julia conta que foi só durante a pesquisa para um documentário sobre o bispo Dom Pedro Casaldáliga visitou um assentamento pela primeira vez. “Fiquei muito impressionada com a força do movimento e dos camponeses. Lembro que em especial da força das mulheres.”
Utopias é o outro curta dirigido por Julia que está na Mostra Convida 2020. O filme é um dos cinco episódios da série Desde Junho, produzida para a TV Brasil, tomando como pano de fundo as Jornadas de Junho. Utopias percorre os caminhos da mídia independente e dos movimentos sociais dentro do novo contexto político pós-2013 e faz uma análise dos diferentes tratamentos dados pela polícia e pela mídia corporativa às manifestações pró e contra o impeachment, estabelecendo como contraponto a atuação da mídia independente. Além disso, o filme trata dos limites da produção e do consumo de informação na internet.
A carreira de Julia Mariano como cineasta inclui também a sua atuação como roteirista em diversos programas de televisão, tais como Vai Pra Onde? (MSW), Revista do Cinema Brasileiro (TV Brasil) e Conexões Urbanas (MSW). Para o Discovery Channel, fez pesquisa para a série Viver para Contar. Além disso, Julia produziu e roteirizou dois filmes de longa-metragem do diretor carioca Emílio Domingos, ambos vencedores do Festival de Cinema do Rio: A Batalha do Passinho, (Melhor Documentário na Mostra Novos Rumos no Festival do Rio, 2013), e Deixa na Régua (Prêmio Especial do Júri, 2016).
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