Neggata comenta sua oficina

Dentro da programação das Pílulas Digitais, Lorena Monique, a Neggata, ministrará a oficina “O poder da representatividade negra nas redes sociais”, em 11 de outubro, das 14h30 às 18h, na EIT (Setor Central QNB 01 Área Especial 01). Inscrições aqui: festivaltaguatinga.com.br/pilulas

Você conhece a Neggata? Na entrevista a seguir, uma das mais populares youtubers do DF conta um pouco de sua trajetória, sobre negritude, dá dicas de cinema e comenta o que esperar de sua participação no Pílulas Digitais.

Lorena Monique, a Neggata

O que você apresentará na oficina?
A oficina tem como principal foco discutir o racismo na produção audiovisual e também nas redes sociais. Então propus dividir a oficina em três momentos:
1) TRAJETÓRIAS – COMO CHEGUEI ATÉ AQUI? Nesta primeira parte contarei um pouco sobre minha história e sobre como referências brancas “ajudaram” na construção da minha identidade como criadora (negra) de conteúdo digital. Como comecei meu canal no YouTube e por que? Quais foram minhas contribuições? Contarei um pouco como criei o projeto fotográfico chamado #AhBrancoDaUmTempo e como este projeto me levou no Encontro com Fátima Bernardes em 2014.
2) QUANTAS PESSOAS NEGRAS TE INFLUENCIAM? A segunda parte faz um levantamento meio histórico de aspectos, características e estéticas da hegemonia e do padrão “branco” imposto nas grandes mídias e como a “cor” nos influencia de diferentes formas, como moda, música, cultura, redes sociais e etc.
3) REPRESENTATIVIDADE IMPORTA? A terceira parte é bem “bapho” porque trata um pouco da história de diferentes personalidades negras do brasil e fora dele (em grande parte figuras femininas). O intuito é mostrar pessoas negras que são inspiradoras, que todos precisam conhecer, e como estas figuras impactam e movem/transformam vidas de outras pessoas negras como (como nós). Por que elas são importantes para outros influenciadores e como essas pessoas têm tido voz dentro e fora das redes sociais. O intuito é mesclar durante a exposição desta oficina vídeos e fotografias. Para o final, proponho uma parte aberta para produção de um “video self”, onde ensinarei algumas etapas para produção de vídeo de YouTube. A ideia é que os alunos tentem reproduzir com seus celulares.

2) Para quem não te conhece, conte um pouco sobre a história do seu canal.
Meu canal começou em 2013. Não parti de inspirações e sim de uma profunda inquietação por não encontrar temáticas que discutem e problematizam algumas questões como cabelo, moda, comportamento, etc. O que mudou tem muita ligação com as expectativas e feedbacks que as pessoas me dão, procuro muito manter este contato. Sempre tive uma boa percepção sobre meu conteúdo, mas comecei a acreditar mais nele mais quando algumas marcas – como, por exemplo, a Natura – me convidaram para participar de uma mesa sobre “Feminismo e maquiagem”. Foi ótimo.

3) É você mesma que produz os vídeos? Caso sim, como foi o seu aprendizado nessa área técnica?
Sim, eu mesma produzo. Mas recebo uma ajuda muito significativa da minha irmã de 17 anos, Lorrane. Meu aprendizado foi no próprio YouTube, com vídeo-aulas e lendo muito sobre também.

4) Na oficina você vai falar sobre representatividade e ativismo negro: como essas coisas entram na sua vida e como mudaram sua maneira de enxergar o mundo?
Entraram com diversas reflexões, mas acredito que as portas se abriram quando tive que fazer alguns questionamentos para mim mesma quando ingressei na UnB pelo sistema de cotas em 2013. A partir dali tudo mudou, tudo começou a se encaixar e eu começava a entender minhas vivências e todas as “micro agressões” causadas na adolescência.

5) Quais filmes você indica que abordam de maneira interessante representatividade e ativismo negro?
“Ah, branco, dá um tempo – Construindo espaço”, é um documentário produzido por mim em 2015 em parceria com a Pupila Produções, uma empresa júnior de consultoria audiovisual. Falamos sobre como as micro agressões raciais afetam pessoas negras dentro e fora da Universidade.
“KBELA”, um documentário produzido por Yasmin Tayná sobre o que é ser mulher negra e o que é torna-se negra.
“Libertem Angela!”, que trata sobre a vida da Angela Davis, uma das mais importantes integrantes dos Panteras Negras, grupo criado nos anos 50, um partido que lutava pelos direitos civis nos Estados Unidos.
“Quanto vale ou é por quilo?”, o filme faz uma analogia entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria pelo marketing social.

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